12.15.2012

room service - sara dos santos.










Quando entrou para a Sorbonne, Sara dos Santos queria ser intérprete, daí ter-se formado em Línguas Estrangeiras. Mas como filha e neta de costureiras, a vida encarregou-se de a trazer para perto das suas origens.

Nasceu e viveu em França até terminar o mestrado em Gestão das Indústrias do Luxo e das Profissões da Arte, para depois iniciar a vida profissional em terras lusas, com um estágio na Cartier. Passa entretanto pela agência de comunicação XN Brand Dynamics, onde trabalha a mesma Cartier e a Hermès e, mais tarde, assume o cargo de Directora de Comunicação da divisão de Luxo. Abraça outro estágio, desta vez na Montblanc, na Alemanha, logo depois de ter passado um ano em Milão a estudar Creative Management. E a lista continua. Hoje, Sara gere a sua própria agência de comunicação (Sara dos Santos), especializada em marcas de luxo e moda, que criou há menos de ano. Fomos conhecer o seu luminoso quarto, onde conversámos a três vozes, na companhia do marido Manuel Damião, produtor de moda.

O que representa para ti o quarto enquanto divisão?

É essencialmente um sítio para dormir, vestir, eventualmente maquilhar-me, porque tem muita luz, e para ler. Passo muito menos horas no quarto do que na sala, por exemplo.

Desde o início que idealizaste o quarto assim, como está agora?
Idealizámos - no plural (risos), porque pensámos sempre os dois. Nunca compramos nada sem a opinião um do outro! O quarto tinha de ser simples e prático. O armário foi idealizado mais por mim, porque gosto muito de espelhos e, além disso, dá profundidade ao quarto e, também, porque tem imensa arrumação. Tenho um canto só para carteiras!

Aí tem de ser mesmo para os dois, porque ambos a trabalhar em moda...
Ele só tem cerca de um terço (risos)! O armário era algo extremamente importante, porque não gosto de roupas à vista. As mesas de cabeceira foram outra história. Andámos meses para encontrar umas que gostássemos. Ou eram muito clássicas ou tinham materiais que não queríamos, enfim, havia sempre qualquer coisa. E, uma vez, a minha mãe disse-me que tinha umas mesas de cabeceira em casa dela, para eu ir ver se gostava. Disse-lhe logo que eram demasiado clássicas, mas ela sugeriu que as pintássemos na cor que quiséssemos. E assim foi. Mandámos pintar de dourado.

Nada como reaproveitar móveis antigos da mãe ou da avó...
Exacto! Os bengaleiros de madeira, por exemplo, eram da minha avó, que era costureira, e estavam no meu quarto, na casa da minha mãe. Sempre lhe disse que os queria levar comigo quando tivesse uma casa minha.

Já percebi que evitas o demasiado clássico, mas gostas de detalhes antigos. Como defines o teu estilo, na casa?
O meu tipo de casa de sonho é de estilo minimalista, mas também adoro o rococó. E às vezes a mistura tem muita piada, como peças totalmente clássicas com um candeeiro muito moderno, por exemplo.

E os quadros, de onde vêm?
Os quadros foram oferecidos ao Manecas (Manuel Damião) ainda nós não nos conhecíamos. São da autoria de um amigo dele, chamado João Soutullo. São auto-retratos, não são?

(Manuel) Sim. Ele é também artista plástico. Trabalhou cerca de 40 anos entre o teatro nacional, teatro de Revista, etc. Trabalhei com ele como assistente de figurino em duas ou três novelas e criámos uma grande relação de amizade, que ainda hoje mantemos. Ele deu-me entretanto 5 quadros e disse-me que eu iria gostar deles mesmo sem os ver. Quando os recebi, fiquei...uau!

(Sara) Gosto imenso de preto e como os quadros são um pouco dark, mas têm uns apontamentos de cor, adoro-os.

E qual a razão desse gosto pelo preto?
Adoro preto! Não sei bem, mas para mim significa a elegância, porque fica bem com tudo, é como a história do vestido Chanel... Julgo que também seja cultural, nasci e vivi quase toda a minha vida em França e lá usamos cores extremamente escuras - castanhos, pretos, azuis escuros; e, em Portugal, adoro o lado do Fado, portanto não me choca minimamente. Daí os candeeiros pretos, etc...

O que não dispensas no quarto?
Os meus livros, que estão sempre a mudar e que tenho sempre na mesa de cabeceira. Tenho toneladas!

(Manuel) Tem mesmo toneladas!!

Quais é que estás a ler agora?
Neste momento, estou a ler "Os Tempos Hipermodernos", de Gilles Lipovetsky, em português. Mas leio muito em francês, sobretudo à noite, na cama, porque os franceses têm imensos livros de bolso, mais leves, que eu adoro. "Les Temps Vieillit Vite" é um livro de um meus autores preferidos, Antonio Tabucchi, um italiano, especialista na obra de Fernando Pessoa. Às vezes, também leio em italiano, mas este comprei em Paris. E também estou a ler "Un roman français", de Frédéric Beigbeder. Estes são os que estão em cima da cabeceira agora, mas tenho mais...

Se tivesses de escolher um objecto especial no teu quarto, qual seria?
Tenho dois: a Nossa Senhora de Fátima, que foi a minha avó que me deixou e que tenho sempre comigo, e os bengaleiros de madeira, que são mesmo de alfaiate.

O que gostas mais no teu quarto?
Da luz e do candeeiro (risos)!

© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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